segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Vivamos como um só


Impressionante como acontecimentos diários e contatos com pessoas que pensam diferente de você marcam seu dia. Desde ontem estou com um sentimento forte batendo dentro de mim, que cada vez mais as pessoas querem se dividir em seus grupos "verdadeiros" e excluir quem não quiser se juntar a eles. Esse sentimento separatista sempre me incomodou (e ontem voltou a incomodar mais ainda) e mais uma vez fui buscar refúgio na música.

Na mesma hora lembrei dos acordes do Scorpions, Under the Same Sun. "Você já se perguntou se existe um paraíso lá em cima? Por que não podemos parar essa luta?", esses versos traduzem tudo, e mais adiante "Todos vivemos sob o mesmo Sol, por que não podemos viver como um só?". É uma ideologia lutando com a outra, um certo e outro errado? Claro que não. Todos estão certos, mas 99,9999% das pessoas não entendem isso.

Ninguém deveria tentar vender ideologia para ninguém, apenas respeitar. Respeite a opinião do próximo e aceite suas diferenças. Isso em todos os sentidos: religioso, político e social. É muito fácil criticar, falar bem de sua ideologia não ressaltando o que ela tem de bom, mas denegrindo a ideologia do próximo. Em outras palavras: "As minhas ideias estão certas porque as suas estão erradas".

Rock também é reflexão para mim, então queria só compartilhar esse pensamento com vocês. Voltando à música que usei como tema: "Por que não podemos viver como um só?". Por quê?


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O Brasil está preparado?


Quem curte boa música e trabalho autoral (principalmente) já sofre com isso a algum tempo que é justamente a falta de apoio à música. O mais recente episódio que tive contato foi o fechamento do Mamba Negra, ambiente de shows destinados ao rock autoral. Dado esse episódio tive vontade de escrever algo, mas não sabia exatamente como me expressar.

Queria só deixar registrado, antes que alguém me critique, que não sou produtor de shows, não sou extremamente "ativo" na cena. Em outras palavras, não sou "autoridade" na cidade em termos de música. Faço minha parte como posso, apoiando muitas vezes as bandas à distância (comprando produtos e escrevendo resenhas).

Voltando ao texto em si, para início de conversa decidi colocar alguma música para rolar, e para garantir a inspiração, coloquei Toca-fita de Corcel, o Velho Cobertor. Escutando os acordes fiquei pensando se o Brasil realmente está preparado para curtir de fato bandas autorais. E mais além, penso se o Brasil ainda conseguirá manter casas de show destinadas ao trabalho autoral. É uma tristeza muito grande ver casas com o Mamba Negra fechando, e casas (sem querer desmerecer ninguém) que só admitem bandas covers (que pegam carona no sucesso dos outros e se acham "a última bolacha do pacote") prosperando e gerando lucro acima de lucro. Não estou dizendo que "A" está certo e "B" está errado, bem, vocês entenderam meu ponto.

A carga de trabalho das bandas autorais entre gravação e produção de trabalhos físicos (além das horas de composição e ensaios) é muito grande, e é uma pena muito grande isso não ser devidamente valorizado. O maior responsável por tudo é o público, para ele que o trabalho é produzido, e novamente não estou aqui dizendo para o público idolatrar as bandas autorais e só escutarem elas (nada de extremismo, por favor). Pergunto novamente: o Brasil está preparado?

Essa realidade não é exclusiva de Mossoró/RN, creio que várias cidades passam pelo mesmo problema. Precisa ter coragem para trabalhar de maneira autoral, não só produzindo shows, mas também sendo parte de uma banda. A força deve permanecer, senão todo o trabalho acaba. Escutando Jr, do Mad Grinder, lembro que a diferença entre um Mad Grinder e um Pearl Jam é apenas uma questão de oportunidade. Existem muitas, mas muitas bandas boas mesmo no nosso entorno, e bandas com qualidade. Nenhum álbum do Mad Grinder, por exemplo, deixa a desejar em termos de qualidade de gravação e composições. Essa mesma realidade é estendida para o Bones in Traction, nos acordes de Deception.

Eu ainda acredito no "Brasil". Por isso continuo trabalhando e produzindo mais conteúdo, seja no Godhound ou no Folie à Duo. Acredito que a música vai ter seu devido apoio, mesmo que seja uma realidade utópica no presente momento. Preparado ou não, vou fazer minha parte em apoiar a cultura, dentro de minhas limitações, e creio que quem quer o melhor para a música faz também isso. Você que está com esse mesmo sentimento que eu agora sabe que está nessa lista. Escutando Beyond the Moon, do Velociraptors, continuo a ter certeza que se cada um fizer sua parte essa realidade será mudada.

Para concluir, vou transmitir a mensagem que muita gente passa e não é nada demais repetir aqui. Apoie as bandas de sua cidade, apoie as casas de show local, compre produtos. Você não está adquirindo um CD ou camisa, você está ajudando o rock e sem ajuda o rock (nem nada na vida) sobrevive. Seja "solidário" com a cultura também.

Nessas últimas palavras, sabendo que o Brasil não está preparado para manter viva uma cena forte underground, acredito dentro de mim que sim (contradizendo-me), o Brasil vai conseguir, nós vamos conseguir.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

É sempre bom ouvir metal tradicional


Saudosismo define os primeiros acordes do EP do No:Time, Wonder of Madness (2015), assim que comecei a escutar. Acordes e riffs lembrando o metal clássico marcam o início de Please God Help Me, com direito a coros "ôôôô" -- época boa. Nesse universo de bandas cada vez mais pesadas e querendo se sobressair com mais peso em relação às outras bandas do estilo, vibro quando ouço algo clássico. A linha da música lembra um pouco o HammerFall, com partes orquestradas de fundo, mantendo a atmosfera heavy/power metal.

A banda é formada por Carleton Leonard (guitarra e voz), Mauro Oruam (guitarra e voz), David Fonseca (baixo) e Wellington Júnior (bateria). Além de Wellington (que conheço do Damage Division), nunca tive contato com os outros membros. Isso para dizer que não conheço a experiência do pessoal com gravações ou bandas anteriores para fazer uma crítica mais profunda. Gostei da qualidade do instrumental, o pessoal se garantiu, destaque para os vocais e os riffs na guitarra -- trabalho excelente dos guitarristas, como manda o "figurino" heavy metal.

Voltando ao EP, Lost in Your Eyes traz uma melodia mais leve, lembrando o hard rock oitentista, novamente, com riffs excelentes. Notei que cada música traz uma influência diferente, a banda não está se prendendo a nenhum estilo. Isso, por um lado, acho muito bom, porque o "elemento surpresa" estará presente nas composições futuras. Encerrando o curto EP, com cerca de 14 minutos, vem a faixa-título Wonder of Madness. Essa foi a minha favorita de todo o EP. O início lembra um pouco aqueles elementos de teclado introdutório do Ozzy Osbourne, que o Judas Priest também usou em músicas como Out in the Cold, por exemplo. O instrumental rápido que vem logo em seguida contrasta com a introdução e dar um poder a mais à música. A melodia dessa música é mais pesada, resultado do seu ritmo mais lento. Outro destaque são as transições na melodia, principalmente na parte do solo, gostei de diversidade.

Concluindo a audição do EP Wonder of Madness (2015), fiquei com a sensação de que ele é um excelente cartão de apresentação para esse novo projeto. Mostra a criatividade dos músicos e fico imaginando o que teremos daqui para frente, qual linha de composição vão exatamente seguir. Como disse no título, é sempre bom ouvir metal tradicional, e confesso que sentia falta de bandas assim no Rio Grande do Norte -- minhas referências eram só o Deadly Fate e o Comando Etílico. Sentia falta de alguém para trilhar o caminho dessas bandas que curto bastante.

Quem tiver interesse, pode conferir o trabalho deles logo abaixo.