sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A Ordem do Caos


Foi com os dedos ainda enferrujados (dado o tempo sem escrever aqui no blog) que comecei a ouvir o Order of Chaos (2015), álbum de estréia do Blackning. Apesar da "estréia", a banda formada por Francisco "Chicão" Stanich (baixo), Elvis Santos (bateria) e Cleber Orsioli (vocal e guitarra) já tem bastante tempo de estrada, o Cleber, por exemplo, já tocou no Andralls, banda de fast-thrash de São Paulo, que já passou várias vezes por Mossoró/RN.

O álbum é aberto com a breve introdução de Thy Will be Done, que dá logo lugar a um riff pesado e marcante, mostrando logo a que o Blackning veio. O vocal lembrando o thrash do início dos anos 80 é bem marcante e fica muito bem associado com o peso da guitarra. A música reúne peso e velocidade, mas de um jeito que não fica poluído -- você consegue entender todas as linhas. Da mesma forma, o álbum continua com Terrorzone, só que esta explora muito mais o lado pesado da banda do que o lado melódico. Ou seja, castigaram bastante a bateria nos pedais nessa aqui. Novamente, destaco a facilidade no entendimento dos instrumentos. É pesado? É, mas de forma alguma é poluído. Abrindo um parêntese aqui, o maior "defeito" de bandas mais pesadas é querer fazer algo extremamente pesado e não se preocupar com a regulagem do som, o resultado é uma mistura de "barulho" (com perdão para a palavra) que ninguém sabe o que tá tocando exatamente. Costumo dizer que quanto mais pesado o som, melhor deve ser a qualidade dos equipamentos para captar bem aquilo e conseguir passar -- através da música -- todo esse peso para o público. Escutando o álbum tive esse sentimento logo de início, a banda realmente teve uma preocupação com o som, o que mostra todo o seu profissionalismo e vontade de entregar um produto de qualidade.
Blackning (da esquerda para a direita): Francisco Stanich, Elvis Santos e Cleber Orsioli.
Críticas -- positivas, diga-se de passagem -- à gravação à parte, o álbum continua com Unleash your Hell e (uma pausa para respirar, pelo início meio orquestrado) Against All, ambas seguindo a mesma linha já abordada nas músicas antecessoras, Unleash your Hell, inclusive, possui clipe (e muito bem produzido). 

Outro elemento que gostaria de destacar nas músicas é a criatividade. As músicas são pesadas, mas não são de forma alguma aquela coisa de manter o mesmo ritmo e ficar tocando mais e mais rápido, não, eles souberam fazer transições na melodia (variando entre partes pesadas e melódicas) de uma forma que não tirou o peso da música. Isso foi aplicado em todas as músicas e é um destaque do álbum, na minha opinião, porque não deixa a audição monótona. Imagino que até o fã "truezão" de thrash não aguenta ficar 40 minutos escutando "a mesma coisa" monótona.

Death Row, a minha favorita no álbum, traz o peso com doses de melódico no refrão (lembrando até as composições do Amon Amarth). Essa música traduz tudo o que estou escrevendo até agora, em termos de estilo da banda. O sentimento que mais me ocorreu desde o início da audição é: "Onde estavam vocês?!". Sério, é uma banda realmente muito boa e ao vivo deve ser ainda melhor. A qualidade das músicas é indiscutível, resgatando com maestria o thrash clássico. Sei que é muito bom inovar, mas sons retrôs sempre me atraíram e isso é o Blackning. Cara, e as composições, não param de surpreender, escute Devouring the Weak e me diga se não estou certo.
capa do Order of Chaos (2015).
Algo que não comentei é a temática do álbum, o título "Order of Chaos" me faz imaginar uma ceita que domina o mundo através do caos. Alguma semelhança com os tempos atuais? Não consigo imaginar (a luz do "sarcasmo" está acesa, caso não tenha percebido). A capa meio que mostra isso, um esqueleto que me lembra a virgem Maria com um bebê, com uma coroa de espinhos. Isso pode simbolizar os valores da sociedade (representados pela religião), ou seja, tudo está tendendo ao caos, tudo está tendendo a se perder. A tonalidade azul deu um caráter retrô, lembrando aquelas capas dos anos 80 -- clássicas.

Voltando ao álbum, para encerrar, Censored Season (com versos em português, lembrando os primórdios do Korzus) e Killing or being Killed fecham o Order of Chaos (2015). Mas, antes de se despedir, a banda gravou um cover do Overdose, Children of War. Confesso que nunca tinha escutado a banda antes, apenas sabia que eles gravaram um split com o Sepultura, antes de sair o Morbid Visions, claro que fui ouvir a banda agora. Conversando com Chicão, ele mencionou que tiveram a oportunidade de mostrar essa música para o próprio pessoal do Overdose, imagino a satisfação de todos.

Pois bem, acho que me estendi um pouco, mas o álbum merece. Qualidade impecável de gravação e composição das músicas, foi uma das surpresas de 2015 para mim, sem sombra de dúvida. É um item que certamente vou ter na minha coleção, e por falar em ter, a Diehard vende o CD (segue o link AQUI), quem quiser comprar pode pegar lá no site, eles entregam em todo o Brasil.

#Tracklist

1.THY WILL BE DONE
2.TERRORZONE
3.UNLEASH YOUR HELL
4.AGAINST ALL
5.DEATH ROW
6.SILENCE OF THE DEFEAT
7.DEVOURING THE WEAK
8.CENSORED SEASON
9.KILLING OR BEING KILLED
10.CHILDREN OF WAR (Overdose cover)

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