quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ossos pesados e resistentes


Começando logo com o trocadilho do título, mas é isso que define esse trabalho tema hoje aqui no Rock'N'Prosa. Som pesado, de quebrar qualquer fragmento de matéria, mas capaz de aguentar qualquer tensão que seja aplicada ao som. É nesse clima de destruição que comecei a audição do debut dos mossoroenses do Bones in Traction, ...In the Dock (2014).

Lançado pelo selo Rising Records, que lançou o recém-comentando álbum do Primordium, o debut do Bones in Traction vem firmar a banda no cenário de destruição do rock'n'roll mossoroense. A banda encabeçada pelo grande Vicente Andrade -- amigo e baterista com quem tive o prazer de dividir o palco no Godhound -- conseguiu socar todo o seu ódio em 6 faixas, sendo uma instrumental, e esse trabalho acaba de ser lançado. A pedreira foi produzida por Cássio Zambotto, que trabalhou também com o Monster Coyote -- outra banda mossoroense que prepara mais um álbum, aguardemos.

versão física do ...In the Dock (2014), do Bones in Traction.
A pancada é iniciada logo com o som dos protestos em God Bless, que abre espaço para Grain by Grain. Bateria se destacando em meio aos riffs pesados de guitarra extremamente saturada. Os vocais de Plinio Marcos logo marcam presença, com uma voz lembrando um Max Cavallera barítono. Gostei do refrão da música, trazendo peso -- contrastando com a velocidade da música. Destaque ainda para a ponte cantada em português, um dos pontos altos da música. A quantidade excessiva de solos Kirk Hammet tirou um pouco das magias do riffs, que são muito bons, mas, o conjunto da obra ficou com uma sonoridade boa.

Quase emendada com Grain by Grain está Hell to the King, continuando com os riffs pesados seguidos de vocais marcantes, que ficam martelando na sua cabeça. Destaco mais uma vez o trabalho realizado pela a bateria, fiquei imaginando os álbuns do Rush, enquanto escutava essa música, porque em muitos momentos -- assim como fazemos com Neil Peart -- ficamos prestando atenção à bateria ao invés do resto da música.

Seguido dos sons de protestos vem, na velocidade de um tiro (perdão para o trocadilho), a rápida Rubber Bullet. Riffs rápidos, quase no estilo Death Metal, com bateria marcando sempre no pedal duplo. A música ainda abre espaço para uma parte mais "quebrada", trazendo um ritmo mais lento, só que ainda pesado. Dos solos da música, gostei do solo executado no final, tem uma boa variação harmônica e a mudança de base realmente ficou boa. Achei que foram incluídos solos -- sem querer criticar a composição e já criticando -- em lugares onde não caberia um solo, mas, isso não é aplicado para esse em questão, ficou realmente muito bom.
Bones in Traction.
O EP é encerrado com Depression -- a minha favorita do EP, com o seu refrão apoteótico e que dá vontade de cantar junto sempre que escuto -- e Modern Man. Bases disonantes contrastando com riffs pesados. Achei, musicalmente, a música mais completa do EP, por assim dizer. Muitas variações rítmicas, tanto no instrumental quanto nos vocais. Gosto de escutar uma última música desse jeito, porque aumenta a expectativa para próximos trabalhos, mostra que a banda ainda tem capacidade criativa de continuar produzindo mais músicas pesadas de qualidade.

Então, web-leitores, para vocês que curtem um bom Groovy Metal (ou como queiram rotular o estilo), está mais que recomendado o novo trabalho do Bones in Traction. Rock'N'Prosa recomenda.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mais imortais do que nunca


Finalmente parei para assistir -- depois de escutar apenas uma vez o 13 (2013) -- o mais recente DVD do Black Sabbath, Live...Gathered in their masses (2013). A minha expectativa não era grande, dada a idade dos mestres do heavy metal, mas acabei por me surpreender.

O principal propósito do show do Black Sabbath é apenas reunir os fãs em torno de um único elemento: a música. A música do  Black Sabbath é a atração principal do show. Não é Tony Iommi, com seus riffs sensacionais; não é Ozzy com seus pulos e baldes de água; não é Geezer Butler com seu drive poderoso no baixo; e nem Tommy Clufetos, substituindo Bill Ward, e roubando a cena na bateria -- fazendo um show a parte. 
capa do DVD/Bluray Live...Gathered in their Masses (2013).
A música parece ter vida própria, ela carrega toda aquela energia gerada desde o Black Sabbath (1970). Não tem como não se arrepiar quando War Pigs começa a soar e o público a cantar, ou quando o sino anuncia Black Sabbath e o Geezer começa N.I.B. A banda destrinxa -- durante 1 hora e 40 minutos -- seus grandes clássicos dos anos 70 (da fase Ozzy), com espaço ainda para Sympton of the Universe, Faries Wear Boots, Children of the Grave e Iron Man. Novamente, músicas com vidas próprias. Basta escutar para sentir a energia. O show ainda abriu espaço para músicas novas, do recém-lançado 13 (2013), primeiro álbum de inéditas da formação clássica do Black Sabbath desde 1979, destaque para as poderosas End of the Beginning e God is Dead?, magistralmente executadas ao vivo.

Assistindo as primeiras imagens do show, esqueci na mesma hora que Bill Ward não estava ali. Tommy conseguiu assumir o seu papel na banda -- como músico convidado -- mas, executou as músicas de um jeito brilhante (e com um pegada forte) que fez todos os fãs do Sabbath pensarem a mesma coisa. Estilo de tocar simples, sem muito "enfeite" (como qualquer baterista tentaria fazer), o que resultou em pegadas marcantes e poderosas para a bateria.

A execução de Geezer e Tony está excelente, como sempre, e o vocal de Ozzy, bem, o mesmo de sempre (para você que me entende). No final do show, a introdução de Sabbath Bloody Sabbath abre espaço para Paranoid, maior clássico do Black Sabbath, por assim dizer.
Black Sabbath ao vivo (da esquerda para a direita): Geezer Butler, Ozzy Osbourne e Tony Iommi.
Enquanto o Black Sabbath deixava o palco, imaginei o tamanho daquela relíquia que tinha ali nas minhas mãos. Esse show será algo que ficará marcado para sempre na história do rock, sem querer puxar o saco. Aquilo não é um show qualquer, é um show da maior lenda do rock'n'roll (ou heavy metal), na turnê de um álbum de inéditas -- é algo para celebrar, com certeza. Se virão mais álbuns? Dificilmente. Mais shows? A mesma coisa, pouco provável, dada a idade dos integrantes.

O que fica para mim, que não pude ir ao show deles no Brasil, é a lembrança daquele período. O período em que um dos maiores expoentes da música voltou à vida e mostrou um pedaço de sua arte (e poder) para todo o mundo, não só para os que viram ao vivo, mas para os que viveram aquele período do ano de 2013, marcado pelo lançamento do álbum e turnê.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Somos todos poetas: A agulha sem a colher


A agulha sem a colher

Penetrando profundamente na veia
Vejo ondas que explicam o inexplicável
Ouço sons que me trazem de volta à vida
Caminho por terras antes desconhecidas

O giro contínuo traz o segredo
Vejo os olhos do arco-íris
Viajo pelas estrelas
Brinco com a loucura

Essa agulha que rasga essa pele
Faz da música um ser imortal
Entre abismos e montanhas
Faz do espírito um gigante

Não tem colher nessa droga
Use sem moderação
Tenha uma overdose de música
Sem medo de morrer
Porque é isso que a alma busca