sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Faraós Brutais


Você com certeza já deve ter visto toda a saga da "Múmia" na Temperatura Máxima (ou Sessão da Tarde) e ficou com vontade de ver aquele filme com uma trilha-sonora melhor, não? Não precisa ir mais longe. Existe salvação.

Natal/RN é onde está a pirâmide dos faraós do metal -- o Primordium (perdão para o título, sei que ficou "tosco"). A banda formada por Gerson Lima (vocal), Lux Tenebrae (guitarra), João Felipe Santiago (baixo) e Lucas Praxedes (bateria) está lançando seu primeiro álbum, Todtenbuch (2014), pelo selo Rising Records, do grande Luciano Elias.
capa do Todtenbuch (2014), do Primordium.
A epopéia de 11 músicas começa com uma introdução que leva o nome do álbum, já ambientando os nossos ouvidos para tudo o que vem. Ventos e toda aquela atmosfera "citara", seguido de alguns mantras (obscuros e guturais), introduzem o álbum, que não perde tempo e já adiciona todo o peso em Curse of Imhotep -- riffs rápidos, pesados e vocais guturais (puro death metal). Com pouco tempo de música, já dá vontade de pegar uma espada (simitar, de preferência) e sair matando múmias e espectros de Anubis no deserto do Saara -- no melhor estilo "Retorno da Múmia". O instrumental é rápido e bem trabalhado ao mesmo tempo, alternando partes rápidas com partes mais "melódicas", por assim dizer, com direito a corais ao fundo -- o que torna o ambiente ainda mais egípcio.

O peso continua com Mummified e com a veloz Gates of Re-Stau, com direito a "metrancas" potentes. Apesar de não ser um fã assíduo de death metal, não achei essas músicas "barulhentas", consegui entender todas as passagens, o que achei um ponto positivo do álbum, até então. Riffs claros, até os mais rápidos não ficaram "embolados", como acontece com muitas bandas, os vocais também não deixaram a desejar, resultado de uma boa técnica.

A música nem bem acaba, e os teclados de Legion já começam a soar, em uma breve introdução, para dar prosseguimento com a brutalidade do álbum. Legion foi a música que mais chamou a minha atenção, os riffs são muito bons e a variação rítmica da música também é excelente -- alternando partes velozes, com melódicas e, depois, pesadas. Corais também estão presentes. Musicalmente, foi uma das músicas que mais se destacaram para mim.
Primordium.
Depois de Transcending, trazendo de volta a velocidade do estilo, temos a faixa-interlúdio Khmunu, fazendo uma extensão de Todtenbuch, com direito a ventos egípcios (tem que ser "egípcios") soprando, tambores (fazendo lembrar Overture, do Iced Earth) e até um dedilhado no violão acompanhado de um violino. Tudo isso introduz Glory of Rá, com direito a solos de guitarra do grande Paulo Henrique Dantas (Kataphero -- excelente banda, também recomendo). Os riffs poderosos voltam a marcar presença em Pillars of Eternity, e o álbum é encerrado com as pesadas Negative Confession e Osiris (fiquei imaginando elas ao vivo, acho que soariam bem -- na verdade, o Godhound até tocou junto com o Primordium em um Circuito Cultural da Ribeira, só acabei não tendo como acompanhar o show deles por inteiro).

Como falei, apesar de não ser meu estilo de música favorito, acabei a audição do Todtenbuch (2014) com uma boa impressão. A versão física do álbum também está muito boa, com artes que casam perfeitamente com o estilo de música, ambientando não só seus ouvidos, mas seus olhos, ao ambiente egípcio e de maldições de faraós.

Para quem quiser adquirir o álbum, entre em contato diretamente com o pessoal da banda (através da fanpage -- acesse AQUI) ou através da Rising Records (pelo Facebook -- acesse AQUI). 

Esse lançamento tem o selo Rock'N'Prosa de aprovação. Até a próxima, headbangers, e que 2014 ainda nos traga mais lançamentos assim.

domingo, 10 de agosto de 2014

Ao vivo em Atenas


"Pensem naquelas mulheres de Atenas", dizia Zizi Possi. Mas, ela não deveria estar pensando apenas nelas quando cantou essa música. Pensem também nos fãs de rock'n'roll de Atenas, meus amigos.

Por que exatamente estou falando dessa localidade? A resposta é simples. Se temos grandes álbuns ao vivo gravados no Brasil, por diversos artistas, o mesmo não pode ser dito -- em partes -- sobre a Grécia. Se olharmos por cima, não conseguimos apontar grandes álbuns ao vivo gravados por lá. No Brasil tivemos o DVD Amazônia (2010), do Scorpions, o Rock in Rio (2002) e Rush in Rio (2003), do Iron Maiden e Rush, respectivamente, só para citar alguns.

Mas, nem toda banda se atreveu a ir à Grécia e levar sua "discografia" para lá. Por isso, decidi dedicar essa postagem a essa terra especial, desprezada por alguns.

Em 1999, contra todas as possibilidades, o Iced Earth levou a sua turnê do Something Wicked This Way Comes (1998) até o The Rodon, localizado em Atenas, e não só eles levaram a turnê, como também gravaram o que se tornou -- para mim -- um dos melhores álbuns ao vivo de toda a história do rock, o Alive in Athens (2000). Não bastava estar apenas tocando em Atenas ("live"), a banda precisaria estar viva ("alive") na capital da Grécia. E foi assim, que durante 2 dias, o Iced Earth desfilou seus clássicos para os gregos. Músicas, cantadas fervorosamente por todos, ganharam vida nova na captura dos shows, e tudo isso foi refletido no poder do Alive in Athens (2000).
capa do Alive in Athens (2000).
O Alive in Athens (2000) foi lançado como CD duplo (com o melhor das duas noites de show) nos EUA e no resto do mundo, mas uma versão especial saiu na mesma época -- em edição limitada -- no Brasil. A versão em CD triplo, contendo todo o áudio dos dois dias de show (com exceção de Colors -- que foi lançada posteriormente no Melancholy E.P (2001)) também foi disponível no mercado. Essa versão é uma verdadeira coletânea do Iced Earth, com o que de melhor tínhamos até aquele momento. Ao todo, são 34 faixas de puro heavy metal, com destaque para Watching Over Me, simplesmente, a melhor versão (incluindo até os lançamentos recentes) dela em todos os trabalhos da banda.

A segunda dedicatória ao povo grego veio recentemente. O Scorpions lançou em 2001 o famoso Acoustica (2001), acústico gravado em Lisboa. O sucesso foi tamanho que os fãs passaram a "cobrar" um novo acústico. Eis que, em 2013, o Scorpions MTV Unplugged (2013) foi gravado. E onde foi isso? Exatamente em Atenas.
Scorpions na gravação do seu acústico em Atenas.
Foi a primeira vez que um acústico da MTV era gravado ao ar livre, e os gregos tiveram o privilégio de presenciar esse feito. Diferentemente do Acoustica (2001) -- que deu prioridade às baladas românticas -- o MTV Unplugged (2013) trabalhou as músicas mais "pesadas", dando uma nova roupagem a elas. Clássicos como Blackout, Big City Nights e Speedy's Coming, ganharam novos arranjos e foram adequados ao som "acústico". Os destaques do show ficam por conta de In Trance e When the smoke is going down -- soaram muito bem. Além dos clássicos, tivemos ainda espaço para novas composições, como a "quase-country" Dancing in the Moonlight.

Então, ficam aqui registrados esses dois grandes trabalhos, de duas grandes bandas, que escolheram a Grécia para fazer parte de sua história. E se mais capítulos vierem daqui para frente, esperemos uma energia tão boa quanto a desses trabalhos. Pois, os gregos merecem.