sábado, 10 de maio de 2014

Um acústico sem cara de acústico


Quase todo mundo cresceu com a geração dos Acústicos MTV. Se formos para os EUA, temos os clássicos acústicos do Nirvana e do KISS. Aqui no Brasil, podemos citar o do Gilberto Gil e dos Titãs, para representar todos. Recentemente a MTV voltou a lançar a sua série "Unplugged", com o Scorpions, grande acústico.

Mas, uma geração de acústico que a MTV deixou passar foram os "acústicos pesados". Está bem, acabei de inventar esse nome. Esse estilo de fato não existe. Mas, é justamente sobre ele que vamos falar hoje aqui no Rock'N'Prosa.

Não é fácil uma banda tipicamente pesada transformar seu som em um "acústico", aqui no Brasil o Hangar fez isso muito bem (o que inclusive já foi tema de postagem aqui no blog, clique AQUI). Essa dificuldade acaba por se transformar em uma musicalidade muito grande no respectivo trabalho, dada a imensa habilidade -- e cabeça aberta -- dos músicos do nosso rock'n'roll. Isso foi o que acabou por está representado nos dois últimos trabalhos do Black Label Society: The Songs Remains not the Same (2011) e Unblackened (2013).
capa do Unblackened (2013).
Escutei várias vezes o Songs Remains not the Same (2011), com versões acústicas de músicas do Black  Label Society, como Overlord e Parade of the Dead, além de brilhantes covers, como Junior's Eyes (do Black Sabbath) e Bridge Over Troubled Water (do Simon & Garfunkel). Todas versões mágicas, mas com um tom diferente. Um pouco de solo de guitarra distorcido pode ser escutado em meio aos pianos e violões.

Essa "ousadia" foi o que impulsionou a gravação do Unblackened (2013), novo álbum ao vivo do Black Label Society. Eles decidiram levar o Songs Remains not the Same (2011) para os palcos no dia 6 de março de 2013, em Los Angeles, mas de um jeito diferente, desprendendo-se ainda mais dos violões. O que me surpreendeu logo de cara foi que eles não executaram nenhuma música do acústico de estúdio no show. Ao invés disso, incluíram versões leves de músicas pesadas do Black Label Society, como Stillborn, e músicas já leves da discografia deles, como In This River e Won't Find It Here.

Zakk Wyld, um dos melhores guitarristas em atividade no mundo.
O que gostei também foi da inclusão de músicas do Pride & Glory, projeto do Zakk Wylde "pré-Black Label". Eles abriram o show logo com Losing Your Mind -- uma das minhas favoritas desse projeto -- e ainda executaram Machine Gun Man (outro clássico), Sweet Jesus e Lovin Woman. Todas do Pride & Glory (1994), um álbum que merecia estar na nossa Galeria de Clássicos.

A sonoridade não se assemelha a nada com um acústico MTV, com aquele som seco e meio sem vida. Zakk Wylde é um gênio da música, ele conseguiu dar cara nova às músicas do Black Label Society, só que sem deixá-las mortas. A inclusão de efeitos de guitarra nas músicas deu um charme a mais ao show, não ficou um som "distorcido", mas também não ficou "limpo", se é que me fiz entender bem. Na verdade, não é correto chamar esse trabalho de "acústico", como chamei no título, vamos chamá-lo apenas de "Unblackened".

Resumindo, esse é um item único na discografia do Black Label Society. Um show para quem curte rock'n'roll e acima de tudo, para quem curte música, e não fica esperando guitarras oitavadas em todos os sons. É um item que mostra toda a capacidade musical do Sr. Zakk, e dos músicos do Black Label Society.