terça-feira, 11 de junho de 2013

Da Minha Terra


Uma das melhores sensações do mundo é escutar algo que é da sua terra, e essa sensação tive há certo tempo atrás, mas só agora venho escrever. Conheci meio que por acaso, em breve digo porque, um cidadão que acabou por ser uma das revelações musicais do ano, sem sombra de dúvidas, o Artur Soares. Como fã de rock progressivo, conheci o trabalho do Ar, Tu & o Vendaval, projeto do Arthur Porpino. No dia do show, para conhecer algumas músicas, acabei baixando o álbum do Artur Soares e não do Arthur Porpino. Desencontros à parte, virei fã logo de cara do Bodoque (2012), álbum que aponto como um dos melhores já produzidos aqui no estado. De tanto escutar, acabei não comentando muita coisa sobre ele aqui no Rock'N'Prosa.
Artur Soares.
Logo de cara temos um autêntico som nordestino, e muito rico musicalmente e poeticamente falando. Marcha Estradeira traz elementos do rock misturados com um pouco de sanfona, abrindo essa obra com maestria. Da Minha Terra é uma música mais que especial para mim, por inúmeros motivos que não vou listar aqui. Não consigo contar nos dedos as vezes que fui para o trabalho ao som dela, e voltando para casa também, depois de um dia inteiro de aulas. Como "puxador de saco do rock" que sou, só achei que mais uma guitarra distorcida ali cairia mais do que bem na música. Ainda quero pegar ela no violão qualquer dia. 

Com Jurubeba's Queen, música das épocas mais antigas do Jurubebas, o álbum continua e abre espaço para a "pedreira figurada" Cigana do Escarcéu. Apesar de tocar bastante aqui por Mossoró, só consegui assistir um show do Artur, que foi no DoSol. No dia acabei conhecendo a "Cigana", que estava ao lado da "Lua". Bom show, apesar de não estar acompanhado de 100% da banda, mas como diz a letra, "A vida é aquela estrada torta".
capa do Bodoque (2012).
Meu Fusca Charlie nos faz lembrar do nosso velho guerreiro carro, que não importa a idade, sempre será um velho guerreiro. De Repente Rio de Janeiro esbanja criatividade em um repente meio rock'n'roll nordestino. Quase Tudo traz uns elementos de MPB, e é uma das minhas favoritas do álbum, até por sua letra. A "quase" marchinha Ladeira de Santa Teresa abre alas para a épica O Vento e a Janela Aberta, um verdadeiro cartão de visita do Bodoque (2012), traduzindo os excessos em versos, algo que compartilho também. Uma Balada Argentina para Joana do Éden e O Crime de Cantar dão continuidade ao álbum, a primeira no estilo "cabaret", meio Cirque du Soleil, e a segunda uma pura balada, outro cartão de visita do álbum. Branquelinha, me dito depois que foi escrita para a sua irmã, encerra essa grande obra da música potiguar.

Por isso que fiz questão de exaltar a "minha terra". Fiquei orgulhoso de ter um álbum como o Bodoque (2012) produzido em Mossoró/RN, por um compositor e músico mossoroense. Como essa postagem é muito especial, consegui ter uma rápida conversa com o Artur Soares.

RNP: Primeiramente, muito obrigado por aceitar o convite para esse rápido bate-papo, Artur. Antes de ser um blog sobre rock, o espaço do Rock'N'Prosa é aberto para a música, e algo que gosto muito são as misturas nos estilos. Sua música consegue misturar além de forró e rock, elementos da música brasileira em geral, misturando tudo em um som mais "popular", por assim dizer, que é fácil para qualquer um gostar. Como compositor também, sei das dificuldades que envolvem a produção do álbum. No geral, como foi o processo de composição e produção do Bodoque (2012)?

AS: Em geral, costumo buscar sempre o que provém da intimidade das coisas e, talvez por isso, resolvi produzir meu primeiro álbum sozinho, sem alvitres, desde as composições aos arranjos. Vinha pra casa e criava tudo aqui, depois levava pra o estúdio numa gravação caseira e a banda sorvia tudo pra finalizar. 

RNP: Foi até interessante ter ido no seu show depois de escutar o seu álbum, ver a sonoridade das músicas ao vivo e tudo o mais. Mas, algo que me chamou a atenção, e que achei bastante legal, foi a receptividade do público, que cantou junto todas as músicas. Acho legal isso porque valoriza mais o trabalho autoral, e é um muro que ainda precisa ser quebrado. Uma das minhas favoritas do álbum é O Vento e a Janela Aberta, que você gravou junto com Luiz Gadelha. Como foi trabalhar com essa lenda da música potiguar?

AS: As pessoas têm sempre cantado as músicas nos shows e isso é sempre bom, saber que há reconhecimento e identificação com o trabalho é essencial. Sobre a participação de Luiz em O "Vento e a Janela Aberta", tudo aconteceu de forma muito natural. Eu já conhecia dois discos dele, o Matando o Amor (2011), projeto com Simona Talma, e o Suculento (2012), disco solo dele lançado recentemente. E Luiz é um cara incrível, tanto o artista quanto a pessoa. Fiquei muito feliz de ter minha canção ligada ao trabalho desse grande artista.

RNP: Costumo dizer aqui no blog que a música é constante. Você já tem algum plano para o sucessor do Bodoque (2012)? 

AS: Sempre faço um esboço todo escrito com as músicas e um primeiro conceito do que venha ser meu próximo projeto, mas, conforme as mudanças vão acontecendo e novas músicas e ideias vão surgindo, vou lapidando tudo de acordo com esses fatores. Acho muito cedo ainda para falar de um novo disco, já que o Bodoque (2012) é muito recente e pretendo me dedicar a esse trabalho por uma extensa temporada, mas a elaboração criativa tá sempre ativada, naturalmente.

RNP: Para terminar, muito obrigado pela participação aqui no Rock'N'Prosa, Artur, e deixo agora o espaço aberto para você mandar sua mensagem para nossos web-leitores.

AS: Espero que apareçam no show do dia 15/06, que acontece no palco “Noite a Dentro” no Mossoró Cidade Junina. Quem ainda não conhece o trabalho, pode baixar grátis no seguinte endereço: www.artursoares.com

É isso, web-leitores, para quem se interessar pelo som, vale muito a pena dar uma conferida. Como colecionador, já adquiri a minha versão física do Bodoque (2012), e está muito bem guardado na coleção.

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