segunda-feira, 30 de maio de 2011

Resenha de Shows: Paul McCartney (22/05/11 - Rio de Janeiro/RJ)

Voltamos com mais "Resenha de Shows" aqui no Rock'N'Prosa, com a resenha mais especial de todas que eu já fiz. O Iron Maiden que me perdoe, mas esse foi o show mais épico e explosivo que tive o prazer de comparecer.
Poster da Up and Coming Tour 2010/2011.
A jornada rumo ao show começou há 1 mês atrás, quando em uma bela manhã anunciaram que Paul McCartney estaria voltando ao Brasil para fazer um show no Rio de Janeiro, cidade que tinha ficado de fora dos shows que a "lenda viva" do rock'n'roll mundial fez no nosso país ano passado.

Depois de ter que faltar aula para comprar meu ingresso, finalmente chegou o domingo dia 22 de maio de 2011. O dia já começou em clima de "Beatles" para mim, com I've got a Feeling tocando no despertador. Após 1 hora de voo, partindo de Florianópolis/SC, desembarco na Cidade Maravilhosa, onde encontro nada mais, nada menos que o "Profeta" em pessoa, o grande Zé Ramalho.
 
Inicia-se a jornada rumo ao estádio João Havelange, o Engenhão, o qual já estava tomado pelos fãs que aguardavam pacientemente a abertura dos portões na fila. Após várias conversas com "beatlemaníacos" da fila, finalmente chega a hora da abertura dos portões.
Fila para a arquibancada inferior oeste, no estádio Engenhão. (foto: Karlo Schneider)
Dentro do Engenhão pude apreciar toda a sua estrutura, que é magnífica, contrastando um pouco com o bairro. Mas, enfim, após ver o show de um DJ americano (que não fui atrás nem de saber o nome) e depois de várias "olas", às 21:00 os telões (e coloque "ões" nisso) do palco são ligados e começam a mostrar imagens da carreira de Paul. Aproximadamente às 21:40, finalmente, as luzes se apagam e o velho "Macca" sobe ao palco, para delírio total das 45.000 pessoas presentes.
Paul McCartney no palco, executando Jet.
O que falar do set-list? Impossível não dizer que o cabelo do braço não subiu quando os primeiros acordes de Jet começaram a soar e logo depois All My Loving, acompanhado de um "Boa noite, Brasil". Estava vendo a história da música passar bem ali pela minha frente. Não, eu não era nem nascido quando os Beatles acabaram ou quando John Lennon morreu, mas é isso que a música é, imortal.

O que me impressionou foi o peso das músicas ao vivo, sempre tinha acompanhado muito Paul McCartney através de DVD's, e dos álbuns dos Bealtes e Wings, mas não consigo descrever a atmosfera que envolveu cada música no show. Um exemplo disso foi após The Long and Winding Road, quando Paul disse: "Essa vai para os fãs do Wings" e começou Nineteen Hundred and Eighty-Five. Essa música em particular, no Band on the Run (1973), é muito simples e não tem uma pegada rock'n'roll, mas ao vivo ela criou alma nova, ganhou uma nova atmosfera. Eu fiquei por um tempo apreciando ela, sem acreditar que era aquela mesma música que escutei inúmeras vezes no álbum, foi para mim um dos destaques do show.
All we need is Paul. (foto: Karlo Schneider)
Foi nesse momento que pude ver toda a capacidade da banda que acompanha Paul McCartney: Brian Ray (guitarra e baixo), Rusty Anderson (guitarra), Abe Jr. (bateria) e Paul Wickens (teclados). A habilidade de todos nos vocais e instrumentalmente é indescritível, parece que todos eles nasceram em um berço de rock'n'roll, porque todas as músicas receberam uma nova roupagem. Eles deram uma sonoridade de rock'n'roll de garagem aos clássicos do Beatles e Wings, em outras palavras, músicas antigas com uma sonoridade moderna.

Depois de três verdadeiras pedreiras dos Beatles: I've Just Seen a Face, And I Love Her e Blackbird. Paul dedica a próxima música a John Lennon, e sozinho no palco executa Here Today, música que ele compôs pouco tempo depois da morte do seu ex-companheiro de banda. A sonoridade da música envolveu todo o estádio em um clima de melancolia, contrastando com o que veio em seguida. Com bandolim em punhos Paul inicia Dance Tonight, com direito a uma coreografia do baterista Abe Jr. e tudo. Essa para mim foi outra surpresa, porque não era a minha música favorita do set-list, mas a atmosfera que ela gerou no show, principalmente depois de Here Today, foi muito boa.

Um dos lados bons do show é que se você pensa que Paul fica com seu baixo Hofner 100% do show, está muito enganado. Durante todo o show ele varia os instrumentos, passando pelo bandolim, guitarra e violão. E foi com o violão em punhos novamente que o velho "Macca" iniciou Mrs. Vandebilt, do Wings. E essa música ao vivo é ainda mais animada do que no DVD e/ou álbum, tão grande foi o ânimo que meu amigo Karlo Schneider, com quem tive a honra de assistir todo o show ao lado, pediu um cerveja e eu disse na mesma hora: "peça duas".

Entre clássicos do Wings, Beatles e um pouco da sua carreira solo, eis que chega o momento mais aguardado por mim. Após executar Eleanor Rigby, Paul pega o seu clássico ukulele (presente de George Harrison) e inicia a minha música favorita dos Beatles, Something, lembro que na hora ainda cheguei a pegar meu telefone para ligar para meu pai, mas a ligação não completou. A música foi tudo aquilo que eu achava que ia ser e mais um pouco, não consigo descrever em palavras a sensação de vê-la ao vivo, lembro que comentei na hora com Schneider: "Nenhum DVD do mundo consegue captar o que está sendo essa música agora". A versão executada por Paul é excelente, ele começa executando sozinho a música no ukulele e logo após o refrão a banda toda entra junto executando a versão original da música, enquanto o telão mostra imagens de George Harrison. Juntamente com Jet, Something foi a música que fez valer toda a viagem, toda a espera, tudo.

Mas, e quem disse que minha noite de emoções pararia por aí? Logo após Something a banda inicia Band on the Run, grande clássico do Wings, e mais uma vez o destaque vai para o peso colocado na música. O que mais me marcou nessa música foi o refrão, porque quando percebi estava cantando junto com as pessoas que estavam sentadas ao meu lado na arquibancada. Depois de todo o estádio fazer o símbolo do Wings com as mãos, Paul chama todos para cantar junto com ele uma música que nunca havia sido executada no Rio de Janeiro por ele antes, a alegre Ob-la-di Ob-la-da, dos Beatles. Foi a deixa para eu pegar novamente meu telefone, e agora sim, conseguir completar a ligação para meu irmão, que é um grande fã dessa música. Porque a vida continua, não?
Vista do show da Pista Prime. (foto: Karlo Schneider)
Após mais clássicos dos Beatles, e um dos destaques da turnê Up and Coming Tour é justamente a enorme quantidade de músicas dos Beatles presentes no set-list. Paul mesmo disse que nunca tinha tocado tantas músicas dos Beatles em um show como vem tocando nesta presente turnê, que muitos dizem ser a sua última, veremos...

Enfim, após músicas como Back in the U.S.S.R, Paperback Writer e A Day in the Life, Paul volta ao piano e inicia Let It Be, eu estava sentado e sentado fiquei, um senhor que estava ao meu lado também se sentou e me disse: "Uma dessas é para se sentar". E nem menos acaba a música e Paul, ainda no piano, começa: "When you were young and your heart was an open book...". Isso mesmo, era Live and Let It Die, e logo com o início da música veio a expectativa pelo tradicional show pirotécnico que acompanha ela, e quando ele veio, não decepcionou.

Isso é que é um show de rock'n'roll, as explosões que acompanharam Live and Let It Die fariam o KISS ter orgulho de Paul McCartney, e logo após as explosões me lembrei na mesma hora do meu amigo beatlemaníaco Togo, porque ele uma vez me disse que não eram só os fogos de artifício que tinham sua magia, o cheiro da pólvora que vinha até nós também emocionava.

E quando você acha que depois de 2 horas e meia de show Paul McCartney ainda não tinha uma carta para queimar, é aí que você se engana. Ainda no piano ele inicia, acho que o maior clássico dos Beatles de todos os tempos, Hey Jude. O que mais gostei foi na hora do "na-na-na-na hey Jude", onde o público levantou cartazes com "NA" escrito, formando um verdadeiro mar de "Na-Na-Na's", o próprio Paul McCartney se emocionou nessa hora, pude perceber que ele travou um pouco os vocais quando viu os cartazes, também, não era para menos.

Logo após esse momento épico a banda deixa o palco e volta logo em seguida para o primeiro "bis", destaque para Get Back, foi muito bem executada por todos. Passando as 3 músicas que fizeram parte do "bis" a banda novamente deixa o palco e depois de pouco tempo Paul volta ao palco carregando uma bandeira do Brasil, enquanto o tecladista Paul Wickens tinha em punhos uma bandeira do Reino Unido. E só os dois dão início a Yesterday, essa música é ainda mais bonita ao vivo, e antes que me perguntem, não, eu não chorei.

Continuando no segundo "bis", após Yesterday a banda inicia Helter Skelter, música que deu um Grammy a Paul McCartney esse ano, e encerra o show com Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, acompanhada por The End, se despedindo de todos com as últimas palavras que os Beatles nos deixaram, que "no fim, o amor que você pega é igual ao amor que você faz". Não tinha frase melhor para encerrar 3 horas de um espetáculo que foi puro rock'n'roll.

Do começo ao fim o show foi de uma perfeição só, Paul McCartney sabe muito bem como prender a atenção do público no seu show, até nos momentos em que ele se esforçava para falar português, olhando para um "bizu" ao lado do palco, ele conseguia chamar o público para embarcar no seu "ônibus mágico e misterioso" e viajar pelo legado dos criadores do rock'n'roll.

É isso, web-leitores fãs de rock'n'roll, foi uma experiência incrível e espero que vocês tenham gostado dessa resenha. Até o nosso próximo show.

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