terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Prosa Rock: Quando o diamante louco parou de brilhar

Desconheço como descrever a grandiosidade do Pink Floyd em poucas palavras. Acontecimentos envolvendo o seu nome já renderam um outro “Prosa Rock” (Estamos cercados por animais?). Esse será focado na pessoa que durante um certo período foi o responsável por levar as composições revolucionárias do Pink Floyd ao mundo, estamos de falando de Syd Barrett. 

Syd Barrett.

Durante os 3 primeiros anos do Pink Floyd, Syd Barrett foi o principal compositor da banda, e é desse período que vem as composições mais psicodélicas, e porque não dizer, originais da banda. É justamente do The Pipper at the Gates of Dawn (1967), que vem os maiores clássicos da era Barrett no Pink Floyd. Particularmente, não o considero o melhor álbum, mas os álbuns seguintes foram perdendo um pouco dessa identidade do início do Pink Floyd. Não estou dizendo que os álbuns seguintes não são bons, o Animals (1977) e o próprio Wish You Were Here (1975) foram um dos melhores álbuns que eu já escutei na vida.

Capa do The Pipper at the Gates of Dawn.

Mas, quando queremos compreender o que é o Pink Floyd não podemos deixar de lado músicas como Astronomy Dominè, e Interstellar Overdrive. Após o lançamento do primeiro álbum o comportamento psicodélico de Barrett fez com que ele começasse a se desligar do Pink Floyd, abrindo o caminho para David Gilmour assumir as guitarras e vocais da banda. Antes do lançamento do segundo álbum, A Saucerful of Secrets (1968), Barrett oficializou a sua saída da banda.

Após a saída de Barrett, Roger Waters assumiu as composições e produziu verdadeiras obras-primas como Dark Side of the Moon (1973), The Wall (1979) e os já citados Animals (1977) e Wish You Were Here (1975). É sobre esse último que gostaria de chamar a atenção.

Apesar de a banda negar um pouco isso, mas o Wish You Were Here (1975) foi escrito inteiro em homenagem a Syd Barrett. O principal motivo da sua saída da banda foi que, segundo Waters, Syd perdeu o brilho que tinha nos olhos quando estava compondo e tocava. A abertura conta justamente isso, Shine on You crazy Diamond (em português: “brilhe em você diamante louco”) é uma das minhas músicas favoritas do Pink Floyd e possui aproximados 30 minutos de duração quando somadas as suas 12 partes. O engraçado sobre essa música é que as suas iniciais foram o nome “SYD”, coincidência? 

Roger Waters conseguiu incluir vários fatos na simples letra dessa música. Além do nome “Syd”, “Shine on” foi a primeira banda que Syd formou, além do uso da figura do diamante para representar o brilho característico nos olhos de Barrett.

Capa do Wish You Were Here.
Um fato inusitado aconteceu durante as gravações do álbum, em 1975. Enquanto a banda gravava Wish You Were Here, eles viram uma pessoa gorda e com a cabeça e as sobrancelhas raspadas nos fundos do estúdio, no momento não comentaram nada, mas dias depois descobriram que aquela pessoa que estava ali era o próprio Syd Barrett.

Dando seqüência ao álbum as músicas Welcome to the Machine e Have a Cigar falam de como a indústria da música corrompe as pessoas, fato que pode ter acontecido com Syd Barrett. Em seguida, vem a faixa-título do álbum, Wish You Were Here. A letra é um show a parte, acho que conseguiria escrever mais um “Prosa Rock” só falando sobre ela. 

Resumindo em poucas palavras, Waters diz nessa música que queria que Syd estivesse ali com eles, esse fato pode ser somado à idéia da abertura do álbum, porque ele diz: “Se lembra de quando você era jovem? Você brilhou como o sol. Brilhe em você diamante louco”. E no final, em Wish You Were Here (em português: “Desejo que você estivesse aqui”), ele expressa esse sentimento novamente. 

Concluindo, toda a história do Pink Floyd merece ser conferida e já ficam aqui as dicas de álbum para vocês escutarem: The Piper at the Gates of Dawn (1967) e Wish You Were Here (1975). Provavelmente esse será o último “Prosa Rock” de 2010, espero que tenham gostado e até 2011 com mais “Prosa Rock”.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

30 anos sem John Lennon


 Hoje fazem 30 anos desde que, nas palavras de Milton Nascimento, “a força bruta tentou acabar o sonho”. Mas, como disse o grande Milton, “tentou”. Mesmo após 30 anos John Lennon continua a ser lembrado por todos os fãs dos Beatles e não-fãs também.

Observando os fatos nós podemos ver o significado da expressão “entrar para a história”. Eu, particularmente, não era nem nascido quando John Lennon nos deixou e hoje, como fã, estou aqui escrevendo sobre ele. A música nos proporciona isso, porque a música não tem idade. A música é imortal.

O pouco que acompanhei de John foi a sua época nos Beatles, em termos de carreira solo sempre gostei mais de Paul McCartney. Mas, o trabalho de John Lennon merece ser lembrado principalmente pelas mensagens que ele tentou passar ao mundo, tanto nos Beatles como em sua carreira solo.

Que levante a mão quem nunca parou para pensar na vida quando escutou Strawberry Fields Forever, ou quem nunca olhou para os conflitos no mundo e pensou na simples, porém épica, Give Peace A Chance.

São essas mensagens que mais admiro nas composições de John, e essas composições nem o tempo irá destruir. A prova viva é esse mesmo que está escrevendo isso, com 22 anos de idade falando sobre Beatles e John Lennon, bandas que encerraram suas atividades muito antes de eu saber o que era música de fato.

Não vou encerrar essa homenagem com palavras, e sim com o legado que John nos deixou:

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dica de álbum: Lynyrd Skynyrd – Pronounced 'Lĕh-'nérd 'Skin-'nérd (1973)


Abrindo a seção “dica de álbum” do Rock N’Prosa, um autêntico clássico de uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos, o Lynyrd Skynyrd. Uma banda que possui um álbum desses como o seu álbum de estréia com certeza é uma banda que tem muito futuro pela frente.

A essência do rock sulista americano está representada nesse álbum, de onde vieram os maiores clássicos da banda. O destaque do álbum vai para a grandiosa Tuesday’s Gone e o hino do Lynyrd Skynyrd, Free Bird. Música que apresentou a banda para o mundo. Vale muito a pena conferir esse grande clássico do rock n’roll.

Segue o track-list:

1.    "I Ain't the One" (Gary Rossington, Ronnie Van Zant) – 3:53
2.    "Tuesday's Gone" (Allen Collins, Gary Rossington, Ronnie Van Zant) – 7:32
3.    "Gimme Three Steps" (Allen Collins, Ronnie Van Zant) – 4:30
4.    "Simple Man" (Gary Rossington, Ronnie Van Zant) – 5:57
5.    Things Goin' On" (Gary Rossington, Ronnie Van Zant) – 5:00
6.    "Mississippi Kid" (Al Kooper, Ronnie Van Zant, Bob Burns) – 3:56
7.    "Poison Whiskey" (Ed King, Ronnie Van Zant) – 3:13
8.    "Free Bird" (Allen Collins, Ronnie Van Zant) – 9:06

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sim, sou colecionador: Editor-chefe e criador do Rock N’Prosa, Victor Freire

Para a primeira entrevista da seção “Sim, sou colecionador” a equipe do Rock N’Prosa entrou em cena para entrevistar o criador e editor-chefe do Rock N’Prosa, Victor Freire.

RNP: Primeiramente, Victor, se apresente a todos os nossos leitores.

Victor: Meu nome é Victor Freire, sou engenheiro mecânico e fã de rock n’roll. Há mais ou menos 3 meses criei o Rock N’Prosa para poder ficar escrevendo sobre esse estilo de música que para mim já é um estilo de vida.

RNP: Quando e como você começou a ser um verdadeiro fã de rock n’roll?

Victor: Eu costumo rir quando me lembro do início de tudo. Eu sempre gostei muito de música, já escutei axé, samba, forró, etc. Aí, em um belo domingo, acho que em 2002, quando entrei no meu quarto a televisão estava ligada e mostrando um vídeo de 5 caras com cabelos grandes tocando. Dias depois descobri que aquela banda era o Iron Maiden, e eles estavam tocando Run to the Hills. Gostei muito daquela música, logo comecei a pesquisar mais sobre a banda, e quando fui ver já estava em um caminho sem volta [risos].

RNP: Quando você percebeu que havia deixado de ser um simples fã e se tornado um colecionador?

Victor: Outra coisa que eu sempre gostei, além da música de fato, são os CD’s. Desde pequeno era fascinado por eles, meu pai tinha uma pequena coleção e eu sempre passava horas e horas abrindo os CD’s, as vezes escutando-os um pouco. Quando fui crescendo comecei a comprar alguns CD’s, ainda tenho alguns de Jorge Aragão guardados. Mas, tudo se intensificou mais quando conheci o rock n’roll. Algumas semanas depois que escutei o Iron Maiden pela primeira vez descobri que eles lançaram um álbum ao vivo chamado Rock In Rio, depois de passar o mês juntando o dinheiro da merenda da escola fui em uma loja de discos para procurar esse devido álbum. O trato que fiz comigo mesmo foi: “Só vou comprar o Rock In Rio se tiver Run to the Hills”, aquela primeira música que eu escutei. Quando peguei o álbum duplo, olhei para a última música do CD 2 e lá estava ela. Comprei o álbum, e desde esse dia não parei mais. O engraçado é que alguns anos depois descobri que o Iron Maiden não ia tocar ela no show no Rio de Janeiro, e acabaram decidindo na hora por tocar ela, obra do destino? [risos]. A questão da coleção é algo que eu sempre atentei desde o início. Assim, a idéia é: um item especial é melhor do que um item padrão. E não sei se por golpe do destino, o meu primeiro CD é uma edição limitada do Rock In Rio, que guardo com muito carinho até hoje.
Vista geral da coleção.

RNP: Atualmente, quantos itens fazem parte da sua coleção?

Victor: Minha coleção é um pouco modesta, vou alimentando-a sempre que possível, mas não é sempre que eu posso. Atualmente minha coleção é formada por 109 CD’s e 50 DVD’s entre originais e os poucos bootlegs que tenho. A maioria deles são do Iron Maiden e do Iced Earth, bandas que possuo quase todos os itens oficiais lançados e alguns bootlegs também. Ultimamente comprei alguns álbuns do AC/DC e do Black Sabbath, bandas que eu re-descubro a caca álbum que eu escuto.

RNP: Qual a melhor forma de conseguir itens? Qual dica você daria para os colecionadores que estão começando agora?

Victor: A coleção é constante, ela nunca para. Existem muitas lojas em São Paulo especializadas em rock n’roll, e elas sempre trazem itens bons. A DieHard é uma delas, tive o prazer de visitá-los lá em São Paulo, em 2008, e sempre que posso compro CD’s pelo site deles, muito bom por sinal. Outra boa forma de adquirir itens é através do eBay, sempre aparecem itens bons e raros. Você pode encontrar CD’s também em sebos e em lojas de CD’s usados, as vezes até em lojas como as Lojas Americanas você encontra itens bons. Recentemente encontrei o Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, algo que eu nunca pensei que fosse possível. A idéia é essa, entrar nas lojas e procurar, “se você procura você acha”.
Itens do Iron Maiden.

RNP: Todo colecionador tem aquele item dos sonhos, que ele ainda não conseguiu adquirir, qual seria o seu?

Victor: Existem vários itens que gostaria de ter na minha coleção, sempre que os encontro fico triste por não ter dinheiro para comprá-los, mas um dia conseguirei. Uma das minhas bandas favoritas são os Beatles, e não tenho nada deles. No ano passado a EMI re-lançou todos os álbuns em um box, esse é um item que ainda terei na minha coleção, apesar do preço alto. O Pink Floyd também possui um box com todos os seus álbuns em versão mini-LP, é outro item caro, mas que gostaria muito de ter na minha coleção. Indo agora para os itens mais difíceis de conseguir, o que está no top da minha lista são dois boxes do Iron Maiden: o primeiro é o Eddie’s Archive, um box com shows raros do Iron Maiden que nunca foram lançados anteriormente, como o show histórico em Donnington em 1988; o segundo é o box The First Ten Years, que foi lançado em 1990, e possui todos os singles lançados até aquele ano. Ambos são itens muito difíceis de conseguir, até no eBay é difícil encontrar, e é claro que quando você encontra o preço está muito alto mesmo. 
Itens do Iced Earth.

RNP: Em toda coleção existem itens que você não emprestaria de forma alguma. Quais seus itens favoritos?

Victor: Toda a minha coleção são meus itens favoritos, porque cada um tem uma história por trás. Por mais barato e fácil de conseguir que o CD tenha sido, ele tem um valor sentimental forte, que faz eu tratá-lo com muito carinho e não querer emprestar para ninguém. Mas, olhando por cima, existem dois itens que eu não emprestaria de jeito nenhum. O primeiro é o DVD do Iron Maiden no Rock In Rio, a minha versão é da primeira prensagem ainda, e é uma versão digipak. Gosto muito dele porque é diferente, assim que você abre a caixa um palco com o Iron Maiden tocando se eleva e você sente que tem o show em suas mãos. O outro item é a versão de luxo do Flight 666, um documentário sobre a turnê de 2008 do Iron Maiden. A versão de luxo vem com um livreto de 30 páginas escrito pelo vocalista Bruce Dickinson e ele não foi lançado aqui no Brasil, comprei diretamente da Inglaterra.
Detalhe dos DVD's Rock In Rio e Flight 666.

RNP: De todos os seus itens, existe algum que você considera como raro?

Victor: Tenho poucos itens raros, tenho várias edições especiais e limitadas, mas são todas recentes. Só serão considerados itens raros daqui a uns 20 anos. Mas, dos meus itens atuais posso dizer que o meu DVD do Rock In Rio é raro, você só encontrará ele hoje a venda em lojas de discos usados. Eu tenho também o single Can I Play With Madness, do Iron Maiden, lançado em 1990 quando a banda completou 10 anos, esse posso dizer que é um item que você não encontra em qualquer lugar. Outro item raro que tenho é o Live in São Paulo, do Angra. Eles lançaram 10.000 cópias digipaks desse álbum e tive o prazer de adquirir uma, hoje é muito difícil encontrar essa versão, e além do mais o meu está autografado por Kiko Loureiro.

RNP: Chegamos ao ponto da entrevista onde começamos a falar sobre música. O que você tem escutado ultimamente?

Victor: Ultimamente eu estou muito old-school, só escutando músicas antigas. Estou escutando muito Beatles e Wings, ultimamente. Quando quero relaxar escuto muito Pink Floyd também, quando o dia está mais rock n’roll coloco o AC/DC no último volume.

RNP: No cenário nacional, quais bandas ou álbuns você gostaria de destacar?

Victor: Nesses últimos tempos eu estou dando mais atenção ao cenário nacional da música do que nos anos anteriores, o nosso país possui várias bandas excelentes e a cada dia novas bandas estão surgindo. Gosto muito também de prestigiar o cenário local, sempre que posso vou aos shows de bandas aqui do nosso estado mesmo ou do Nordeste. Aqui no Nordeste têm uma banda que gostaria de destacar: que é o Dark Side, lá de Fortaleza/CE, os caras fazem um heavy metal de muita qualidade, e o show deles é muito bom mesmo. O cenário nacional possui muitas bandas boas como o Angra, o Shaman e o Hangar, só para citar algumas. Mas, uma banda que gostaria de chamar a atenção é o Tuatha de Dannan, de Varginha/MG. Os caras uniram a música folk celta ao heavy metal, o resultado final é muito bom, recentemente adquiri o DVD deles, recomendo a aquisição. Falando de álbuns, o Ritual, do Shaman, foi um dos melhores álbuns que eu já escutei na minha vida, e recentemente o Angra lançou o Aqua, uma verdadeira obra-prima. O nosso país é muito forte no rock, e isso mostra que a nossa diversidade cultural permite que diversos estilos de música sobrevivam no mesmo espaço.
Itens das bandas nacionais.

RNP: De todos os álbuns que você escutou, liste os 5 melhores de todos os tempos.

Victor: Tarefa difícil essa, todos os álbuns do Pink Floyd e dos Beatles mereciam fazer parte dessa lista, mas vou representar cada banda apenas com um álbum, aí vai:
1. Pink Floyd – Animals;
2. The Beatles – Rubber Soul;
3. Iron Maiden – Somewhere in Time;
4. Judas Priest – Painkiller;
5. Black Sabbath – Heaven and Hell.

RNP: Qual álbum você recomendaria para alguém que está começando a escutar rock n’roll neste exato momento?

Victor: O rock n’roll em geral é um estilo muito diversificado, existem vários sub-estilos dentro dele. Mas, para começar eu indicaria o Heaven and Hell, do Black Sabbath. Ele é um disco que consegue traduzir toda a essência do rock n’roll, mas se quiser algo mais “leve” eu recomendo o Pronounced Leh-érd Skin-nérd do Lynyrd Skynyd, que é uma banda de rock sulista americana, muito boa.

RNP: Estamos chegando ao fim da nossa entrevista, para finalizar deixe um recado para todos os leitores do Rock N’Prosa.

Victor: Gostaria de dizer apenas que rock n’roll é vida, seja sempre você mesmo e nunca desista daquilo que você acredita. Porque o nosso país e a nossa região, principalmente, não tolera o rock n’roll, mas estamos resistindo bravamente. Fiquem antenados no Rock N’Prosa, sempre procurarei compartilhar mais conhecimentos sobre o rock com vocês e aprender também.

Essa foi a seção “Sim, sou colecionador” deste mês, espero que tenham gostado e até a próxima.